ricardo foto para blog

A professora Sarah Xavier proporcionou momentos marcantes e inesquecíveis no décimo módulo do curso de Formação Clínica em Logoterapia. De maneira virtual nos dias 27 e 28 de abril, os primeiros encontros foram com vivências extremamente significantes e inquietantes. De acordo com Viktor Frankl, “quanto mais humanos pudermos ser, mais seremos veículos para os propósitos divinos” (A vontade de sentido, 1969).

Somos mobilizados pela morte? O que significa pensar sobre o fim das nossas vidas? Se parássemos nossa existência em um minuto, quais seriam os valores que realizaríamos ou gostaríamos de executar? E quais pessoas teriam mais dificuldades nessa experiência? Pensar sobre a morte, certamente pode nos trazer sentidos, ou seja, a finitude nos faz pensar sobre os valores significativos da vida.

Pensar acerca do caminho até a morte implica dizer que os cuidados paliativos podem assumir um papel importantíssimo no alívio do sofrimento de todos os indivíduos. Refletir sobre a “Palium”, ou seja, a manta ou coberta que protege do frio e da dor, é, sobretudo, aquela que mantém a qualidade de vida da pessoa e ajuda os familiares durante o processo de enfrentamento da finitude e pós-morte, caracterizada pelo luto.

 Quando adoecemos precisamos combater algumas falsas ideias, e assim, proporcionar um olhar mais humanizado aos pacientes e familiares. Portanto, é importante oferecer um ambiente de escuta empática com o objetivo de trabalhar    no processo paliativo e sofrimento de luto. Dessa forma, podemos dar abertura de fala aos enlutados, por exemplo, permitir que os pacientes e familiares corrijam suas escolhas e formas de enfrentar a vida.

 Sugerir ao outro que a tristeza do luto é uma emoção natural do ser humano pode ajudá-lo a vivenciar o sofrimento. Falar sobre o fim pode cooperar com a ressignificação do tempo e contrariar o uso de medicamentos pelas pessoas durante a dor da perda. É interessante entender o sofrimento dos familiares, compreendendo que a dor, a culpa e a morte, denominado por Viktor Frankl como “a tríade trágica", pode dar sentido à vida.

 Enxergar a morte durante toda a existência pelo viés de vivenciar o processo de sofrimento do luto e no reajustamento familiar pode propor as seguintes reflexões: A vida teve sentido? Trabalho, lazer ou família? Quem fomos? O que podemos ser? O que eternizamos diante dos valores vivenciais, experienciais, de criação e de atitude?

 São tantos questionamentos que precisamos evitar algumas expressões, tais como: “eu sei o que você está passando...”, “olhe, vai passar...” e “observe o lado bom, não chore”. Seriam conselhos salutares, com menos informações no momento de choque e choro, incluindo as manifestações das suas próprias crenças.

 Por fim, podemos considerar o luto e o sofrimento como grandes riquezas a serem alcançadas, sendo assim, elas não são doenças. Sugere-se, então, que o sentimento de perda pode nos trazer a possibilidade de amar com mais intensidade.